Mas não é que o amor nos surpreende a qualquer hora,por qualquer motivo.Não,não tenho nenhuma revelação a fazer.Tá,então vamos devagar nesse papo de amor e tal,já que nada tenho a revelar,nada deve interessar a quem está lendo isso agora.Na verdade ,o amor veio aportar na minha vida profissional.E continuo dizendo ,nada tenho a revelar.
Mas voltando a primeira frase,o amor veio a me surpreender,por causa do...digamos...trabalho que me solicitaram essa semana.Mais de 20 anos como músico e é a primeira vez que como uma inusitada e agradável surpresa,me pediram uma canção,não uma simples canção,uma canção prá ajudar a reatar um relacionamento.
Vou resumir a história e usando nomes fictícios,sem entrar em detalhes...mas digamos que Jarbas,me ligou essa semana,disse ter ouvido algumas músicas minhas,do meu cd, por intermédio de amigos,que teria gostado e queria uma música prá ele dar de presente prá Dalva.Uma guria que ele é apaixonado e que a relação foi interrompida por um determinado motivo, o qual Jarbas,se não é o culpado,também não é o inocente.
Encontrei Jarbas,conversamos,ele me falou sobre Dalva,sobre o tempo em que ficaram juntos,tudo o que possa me ajudar nessa canção.Fiz umas anotações,prá minha memória não me trair.
É fato,Jarbas ainda a ama.Não foi difícil perceber as lembranças passando na frente dos olhos dele,enquanto ele ia me contando sobre os dois,como se conheceram,o primeiro encontro,a saudade...enfim.Ali estava Jarbas,num momento,salvando a humanidade da mediocridade.Não que haja algo genial na idéia dele,a idéia do presente,mas sim a simplicidade,a originalidade.
Já compus músicas,prá outros cantores(as),bandas,fiz Jingles,mas agora é diferente.Como diria o Tio Ben Parker para o seu sobrinho Peter Parker,com os poderes ,vem as responsabilidades,algo assim.E agora,tenho que pensar na história deles,é uma composição encomendada,mas diferente de um jingle,que tb assim o é.Não tenho que vender um produto,criar um refrão insuportável,tenho que ser singelo,sincero.Corro o risco de ser brega?sim,é verdade...mas farei o possível prá não ser.Afinal de contas,um herói com uma malha colada no corpo,também é brega e isso ,o Tio Ben não falou ao Peter.
Mas creio que o verdadeiro herói,é o Jarbas.Imagine se muito mais pessoas fizessem isso?Seria um novo filão na indústria fonográfica,logo viraria mercado,teria a galera alternativa que faria músicas prá reatar relacionamentos undergrounds.Claro,espero que me encomendem mais trabalhos assim,garanto a ração dos cachorros e de quebra,viro um Cupido de aluguel,ou algo assim.Como me disse o meu amigo Doc,posso fazer uma tabela,em cima do que ocorreu num relacionamento.Já imagino que nos casos em que o cara sai prá comprar cigarro e volta 20 anos depois,eu poderia cobrar bem caro.Posso fazer promoções nos casos em que o cara ,ou a mulher traiam o(a) cônjuge e o(a) amante.Algo do tipo;pague uma canção e leve duas.Em casos de divórcios terminais,posso até fazer um cd inteiro.Tanta coisa a pensar sobre isso,é...e a situação tá feia,a gente tem que se virar.
Mas e a parte da responsabilidade?E a inspiração?Tenho ouvido David Gray , Lloyd Cole,caras que escrevem e sabem falar bem sobre relacionamentos e de quem tenho grande influência.Mas isso não me basta por esses dias.Tenho que pensar em Jarbas,em tudo o que ele quer falar prá Dalva e pensar no que ela gostaria de ouvir.Tenho que ser preciso,sucinto,mas sem refrão chato de jingle,em dois meses Dalva ficaria enjoada,como quando se enjoa daqueles sucessos de verão.E iria sobrar pro Jarbas.Não quero isso e nem ele.Resumindo,tenho que pôr a minha malha colada,me balançar por uns prédios por aí e isso tudo ainda carregando um violão.O problema é que eu não tenho nenhum tio chamado Ben.
Acho melhor eu garantir a ração dos cachorros mesmo,
antes que eles vistam uma malha colada e saiam por aí...
domingo, 22 de julho de 2007
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